segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Artigo na Via Atlântica (A2 em Educação)


Publiquei neste dezembro, em coautoria com o Prof. Dr. Robson Loureiro, um artigo na conceituada Via Atlântica (Revista A2 em Educação). Trata-se do estudo "Limites entre Jornalismo e Literatura em 'A guerra não tem rosto de mulher', de Svetlana Aleksiévitch: uma análise do narrador a partir do conceito benjaminiano de Erfahrung".

Abaixo estão os resumos e links de acesso para o nosso trabalho e, também, para toda a edição da revista, que está belíssima.

Resumo do artigo:

"Observar o tracejado que divide jornalismo e literatura pode significar a avaliação de uma linha tênue ou a comparação entre galáxias distantes. Tal paradoxo é nutrido pelo deslocamento constante de fronteiras, sobretudo nos formatos híbridos, sendo impossível estabelecer definitivamente limites éticos e estéticos que encerrem cada narrativa. Partindo dessa imprecisão, este estudo recorre à categoria de Erfahrung (experiência), presente nos estudos de Walter Benjamin, para investigar os tensionamentos do narrador em “A guerra não tem rosto de mulher”, de Svetlana Aleksiévitch. O objetivo é discutir a importância do Jornalismo Literário como proposta contra-hegemônica efetiva aos mass media."


Resumo da edição:

"Discussões em torno do livro e do jornal existem, na Europa, desde o final do século XVIII. No Brasil, esse debate estimulou a produção de gêneros híbridos, mais ou menos situados entre o fato e a ficção, entre a verdade e a verossimilhança, desde o início dos Oitocentos. Em seu 34º número, Via Atlântica reuniu pesquisadores do Brasil e do exterior, debruçados sobre a produção híbrida em diversos suportes, dentro e fora do país. Convidamos os leitores a percorrer os diversos meandros da palavra, capaz de nos conduzir para além de noções mais estreitas de verdade, honestidade e realidade."

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

II Seminário de Humanidade do Ifes Vitória


Na última terça-feira,13, tive a alegria de ministrar o minicurso "Liberdade ou prisão? Jornalismo, Facebook, WhatsApp e a multiplicação das fake news" para os estudantes do Ifes Vitória.

O papo aconteceu como parte do II Seminário de Humanidades, inserido dentro da Semana da Consciência Negra, da Semana do Livro e da Semana de Educação Para a Vida.

Foi bacana demais o encontro com essa moçada, que se mostrou bem crítica em relação aos principais fatores que condicionam a propagação desenfreada de conteúdos fakes na rede.

Todo o debate que desenvolvi no Ifes sobre notícias falsas e redes sociais online rede está dentro de um artigo que, assim que possível, compartilharei aqui no blog.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Nem tão breve pitaco sobre cinema: Bohemian Rhapsody

A primeira música do Queen que me pegou - ainda moleque e sem manjar nada de inglês - foi "Who wants to live forever" (do álbum "A Kind of Magic", de 1986). Naquele contexto dos 90 em que cresci, só tive contato com a faixa porque ela fazia parte de uma coletânea de trilhas do cinema que ganhei de presente do meu irmão (a composição foi tema do longa Highlander, lançado no mesmo ano que o disco).

Depois do primeiro contato fui me empolgando aos poucos com os clássicos da banda, mas só me tornei fã mesmo muito tarde, duas décadas depois, mais precisamente em 2011, quando por ocasião dos vinte anos sem o Freddie - e do meu trabalho como jornalista nas Gerais - precisei escrever um artigo sobre a história de amor do vocalista com Mary Austin.

Quem me conhece sabe que levo muito a sério cada linha que escrevo e foi justamente por isso que passei dois meses estudando a história do Queen (mais especificamente mergulhado no universo de Mercury) para escrever o texto para o jornal. Foram dois meses acordando e dormindo com as músicas e as histórias da banda na cabeça.

Relendo hoje o texto que publiquei na ocasião, admito que ele não ficou lá grande coisa, embora tenha recebido um elogio ou outro (que agora questiono). Enfim, acho que o texto não pegou, mas a história do Queen, de "desajustados para desajustados", essa sim... essa de alguma forma me pegou ali. E desde então a banda virou uma playlist constante na minha vida para todo e qualquer momento. Acabei me tornando um "fã tardio" e passei a apreciar cada vez mais a diversidade monstruosa das composições e arranjos.

O único problema de ter me tornado esse "fã tardio" é que, como tal, carrego a melancolia trazida pela impossibilidade de conferir todo o "desajuste" do Queen ao vivo e in loco (arrependimento que ficou ainda maior quando perdi o Brian May e Roger Taylor no Rock in Rio, mas isso é outra conversa).

Pois bem, tenho visto muitos críticos reclamarem que o longa Bohemian Rhapsody é uma versão higienista demais da vida do Freddie; ou que é mais sobre o Queen do que sobre o vocalista; ou ainda que é musical demais e abre mão de explorar aspectos da subjetividade de Mercury; ou que comete um “pecado terrível” ao ignorar a infância do pequeno Farrokh Bulsara.

Respeitosamente, discordo disso tudo. Obviamente, o filme faz um recorte, afinal não dá para contemplar todas as expectativas que qualquer produção sobre o Queen nutre (música, biografias complexas, turnês, brigas, a morte de Mercury, a banda sem o vocalista, etc). Primeiro porque não é um documentário, é uma cinebiografia. Segundo porque cinebiografias, via de regra, são recortes realizados a partir de quem as conta (e aí é óbvio que se a narrativa parte dos membros da banda e de  seu antigo empresário, o período de convivência entre seus quatro integrantes e o produtor será realçado). Isso sem contar que o próprio Freddie sempre fez questão de deixar sua infância soterrada nos escombros da própria memória (apenas Mary conhece de fato as dores e os afetos que o líder do Queen cultivou desse período).

Mais especificamente sobre a crítica de ser "higienista" no que diz respeito à sexualidade de Freddie Mercury, eu não poderia discordar mais. O filme trata de forma bastante sensível a figura do cantor enquanto indivíduo queer que carrega consigo o peso da cultura que a família busca preservar e, apesar de todas as contradições que marcam essa existência singular e atormentada, não tenta passar de forma alguma uma visão heteronormativa do astro. Ao contrário, seguindo a cronologia da vida do próprio vocalista, parte do noivado com Mary, mostra a descoberta e explosão de uma sexualidade que estava reprimida e, ao fim, retrata de forma bem sensível a ocasião em que ele decide apresentar Jim Hutton aos pais como um "amigo", reforçando o drama que marcou sua existência. Poderia ter explorado mais os “escândalos” ligados à sexualidade dele? Sim, são opções éticas e estéticas, mas tomar tal caminho, ao meu ver, seria reproduzir três décadas depois a mesma histeria sensacionalista dos tabloides ingleses dos anos 1980, algo que o próprio longa-metragem critica, deixando claro que o Queen (na vida real e no filme) sempre quis falar de música e nada mais.

E é na aposta acertada de focar na música que o longa se torna brilhante e é capaz de levar o público dentro do cinema às lágrimas, seja ele composto por fãs contemporâneos a Mercury ou "tardios", como no meu caso. Ao recriar os vintes minutos do Live Aid (com uma interpretação de arrepiar do ator Rami Malek), Bohemian Rhapsody te faz regressar dentro da sala de cinema a 1985. É como se você entrasse numa máquina do tempo e realizasse o sonho louco de desembarcar naquela que é apontada não apenas como a melhor apresentação do Queen, mas como a melhor apresentação ao vivo de uma banda de todos os tempos. E isso certamente é melhor que qualquer detalhe sensacionalista da biografia de Freddie Mercury. Em outros termos, além de valer o ingresso de um show do Queen (certamente com mais zeros que o bilhete do cinema), essa escolha permite que o filme faça justiça à memória que o líder da banda queria perpetuar, aquilo que segundo as próprias palavras ele nasceu para ser: uma lenda do rock.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Apresentação na Anpof e GT de Teoria Crítica

Nesta atribulada semana que antecede o segundo turno das eleições participei do XVIII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduações em Filosofia (Anpof), realizado na Ufes, aqui em Vitória (ES). Na ocasião tive a grande alegria de integrar o primeiro GT de Teoria Crítica da Anpof, coordenado pela Profa. Dra. Franciele Bete Petry (UFSC). 

Participei da mesa 7 do grupo, no dia 24/10, onde apresentei o trabalho "Jornalismo como antifilosofia e a propagação do discurso fascista na sociedade excitada: uma análise crítica de charges em a gazeta", fruto do artigo que publiquei na Revista Estudos de Jornalismo com o Prof. Dr. Robson  Loureiro.

Também participaram da mesa os professores Leonardo Jorge da Hora Pereira (UFBA), com o trabalho "Vigilância em massa e o poder dos dados na era digital"; Virginia Helena Ferreira da Costa (USP), com o trabalho "A fisionomia da voz do rádio nos estudos sobre autoritarismo de adorno"; e Wécio Pinheiro Araújo (UFPB), com o trabalho "A política da sensação".

Faço uma menção honrosa ao belíssimo trabalho do Prof. Wécio que, em seu doutorado sanduíche com o Prof. Dr. Christoph Türcke (ao lado de Adorno, um dos principais teóricos que sustentam minha tese de doutorado no PPGE), desenvolveu o conceito de "política da sensação". Vale muito a leitura!

Deixo aqui o link com a programação completa da Anpof. Assim que os anais forem publicados atualizo a informação aqui no blog.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

XI Congresso Internacional de Teoria Crítica: Estado de Exceção e Racionalidade na Idade Mídia


Nesta semana participei do X Congresso  Internacional de Teoria Crítica, na Unesp (Araraquara-SP), onde tive a oportunidade de apresentar dois trabalhos e coordenar a mesa de debates sobre Comunicação e Indústria Cultural do dia 03 de outubro. Os trabalhos que apresentei por lá foram:


  • Estudos sobre a personalidade autoritária como via para a crítica negativa da sociedade excitada: fascismo e a "segunda morte" de Marielle Franco. (Emerson Campos Gonçalves)*
  • Memória histórica, o fiasco da desnazificação e o neofascismo no início de século XXI. (Robson Loureiro, Emerson Campos Gonçalves)*

Para além de reencontros com pesquisadores que tanto admiro - como, por exemplo, a querida Profa. Dra. Estelamaris Brant Scarel (PUC-GO), que apresentou a continuidade de sua pesquisa "A indústria cultural, os meios de comunicação e experiência (de)formativa à luz da teoria crítica da sociedade" -, tive a oportunidade de conhecer novos trabalhos, dos quais destaco três pela congruência com as discussões que tentamos desenvolver no Nepefil//Ufes:

i) "Autoritarismo e Educação contra barbárie: uma análise do filme 'A fita branca'", de Débora Siqueira (PUC Minas); Ariany da Silva Bezerra (PUC Minas);

ii) "Auschwitz: um legado para a Educação", de Ariovaldo Francisco da Silva (USF) e Luzia Batista de O. Silva (USF);

iii) "Dialética Negativa, adjacências e Entzauberung: uma leitura materialista da atualidade em Theodor W. Adorno", de Guilherme Oreste Canarim (UNESC) e Alex Sander da Silva (UNESC).

São trabalhos que se cercam dos debates presentes nos Estudos sobre a Personalidade Autoritária do Grupo de Berkeley, que também levo para a tese, e da  Dialética Negativa de Adorno. Recomendo conferir estas pesquisas nos anais do evento.

Outro trabalho lindo que tive a oportunidade de conferir lá é do Prof. Dr. Miguel Vedda, da Universidade de Buenos Aires, que na mesa sobre "Filosofia, teoria social e estado de exceção" apresentou sua pesquisa sobre Siegfried Kracauer. Entre as hipóteses que defende, trazendo o debate sobre o estado de exceção para a América Latina contemporânea, Vedda retoma Marx e Kracauer e aponta que "o fascismo é a farsa da farsa". Logo, se as ditaduras foram a tragédia da América Latina e se os governos neoliberais dos anos 1990 foram a farsa, hoje vivemos a iminência da farsa da farsa que é o fascismo, preocupação que, aliás, norteou quase que a totalidade das apresentações que pude conferir, o que mostra que Adorno estava correto em prever que, perseverando as condições objetivas e subjetivas que permitiram a barbárie e a miséria absoluta do espírito humano, todo o terror pode ressurgir.

Por ora deixo o link para arquivo com a programação completa do evento. Assim que os anais forem publicados faço a atualização aqui.

[*] Vale o registro que dessa vez, o Prof. Robson e eu optamos por ampliar os trabalhos em dois artigos, por isso acabamos deixando eles de fora dos anais do evento. Assim que forem publicados compartilho aqui. Caso desejem acesso aos resumos, fiquem à vontade para entrar em contato por e-mail.

sábado, 4 de agosto de 2018

O que significa ser um bolsista de pós-graduação da Capes hoje?

Emerson Campos Gonçalves(*)

Se você é uma daquelas pessoas que não faz a menor ideia de como é que o remedinho porreta contra-gripe-braba que toma foi desenvolvido, não se sinta mal por isso. Você é apenas mais um entre milhões neste país que acreditam que o celular grã-fino mais fininho, o motor mais eficiente de seu carrão um.ponto.seis, os remédios que curam de dor na junta à mal olhado e mais um montão de outras coisas que fazem parte desses trecos de "ciência e tecnologia"(**) – dos quais se beneficia diariamente – saíram do progresso natural da humanidade e de ideias geniais oriundas de um espírito sempre superior que ilumina Einsteins e Newtons, que guiados por sua genialidade inata e por seres de outra dimensão conseguem em segundos criar as condições que, aliadas ao financiamento privado da ciência – ah, o poder do capital! [suspiros irônicos] –, nos fazem caminhar a passos largos rumo à imortalidade (ou, ao menos, a um estágio em que seremos algo como homens alados).

Mas não. Não, Maria-Maria. Não, José. Na verdade, e agora José? Pois não é disso que a ciência é feita e tão pouco é para isso [e por isso] que ela caminha. A ciência – aqui, em terras capixabas, ou em qualquer outro lugar do mundo – caminha e é feita de muito, muito, muito suor. De um trabalho hercúleo, incessante e jamais reconhecido de pesquisadoras e pesquisadores escondidos nas assinaturas dos artigos científicos. E, no caso do Brasil, de dinheiro público, financiamento estatal. Sim, porque as empresas quase sempre colocam seus recursos naquilo que já deu certo, só que, pasmem: a ciência não é uma rotina de acertos (por isso não somos, nem tão cedo seremos seres alados), mas, na maioria absoluta do tempo, de tentativas, erros e repetições. Tomando um exemplo que é a-exceção-da-exceção-da-exceção, isso significa dizer que quando uma empresa decide contratar um pós-doutor e financiar sua pesquisa para produzir/desenvolver determinado componente tido como revolucionário, um grupo enorme composto por outros professores, pós-doutores, doutores, mestres, alunos de iniciação científica, estudantes de iniciação científica júnior (etc..) já trabalhou duro em diferentes etapas para que aquele conhecimento chegasse no atual estágio (de "revolucionário"), sempre contando com dinheiro público e estrutura pública. E antes que perguntem: sim! Podem até torcer o nariz, mas tirando a excelência de alguns centros privados, a pesquisa no Brasil acontece prioritariamente dentro das universidades federais e em algumas estaduais: ou seja, ela é pública.

Tá, mas o que é que os bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) têm com isso tudo? Simples! Eles são o centro desse processo (***). São a mão-de-obra e o motor. Quem pensa e executa a maior parte das investigações científicas. Fazer pesquisa – seja lá em qual área for, ainda que consideradas as peculiaridades de cada campo do conhecimento – significa dedicação exclusiva na maioria dos casos. Ou seja, é o mesmo que dizer que, depois de quatro, seis anos na faculdade, se você decidir seguir na pesquisa não poderá ingressar no tão idealizado mercado de trabalho, pois a pós-graduação "tomará" todo o seu tempo. Ao contrário, você entrará no famoso limbo, habitado por indivíduos que têm em média entre 25 e 40 anos de idade, em sua maioria já possuem um lar e outras bocas para sustentar, mas que não podem trabalhar já que decidiram ser cientistas e seguir carreira acadêmica.

Esses camaradas supramencionados passarão em média (se tudo der certo entre mestrado, doutorado, pós-doutorado, concursos públicos) mais oito, dez anos da vida deles vivendo das bolsas Capes, lutando para atender as exigências da agência e dos cada vez mais competitivos concursos públicos, para engordar seu currículo Lattes e produzir ciência de qualidade a toque de caixa com pouquíssima grana para financiar os insumos e equipamentos (aliás, outra faceta do processo de desmanche da ciência brasileira acentuado pelo golpe de 2016 com o congelamento dos gastos com a educação).

Se você chegou até este ponto do texto, não se assuste se em algum momento pensou: "está ganhando para estudar e ainda reclama". Trata-se, certamente, de mais um sofismo/acusação extremamente comum com o qual os bolsistas precisam lidar. Acontece que fazer pós-graduação é realmente sinônimo de muito mais estudo (aliás, como todas as carreiras deveriam ser), mas não é só estudo (como, também, em todas as carreiras). É ciência, meu povo. É o que vai te dar a pílula porreta que citei no começo, lembra? É um trabalho seríssimo, com uma pressão absurda, sem folga, sem décimo-terceiro, sem hora para sair e entrar no laboratório/núcleo de pesquisa, sem final de semana, feriado ou férias, sem estabilidade, sem plano de carreira, sem conseguir contribuir com a previdência, sem ser reconhecido como profissional, sem porra nenhuma além do sonho de se tornar um pesquisador, o que na essência você já é, mas constantemente te barram essa informação para lembrar que é apenas um pobre bolsista [algo que soa como uma redundância absurda].

Sobre essa pressão que a pós-graduação traz, os números falam por si: um estudo recente publicado na Nature(****) mostra que estudantes de pós-graduação tem seis vezes mais chance de enfrentar depressão e ansiedade que uma pessoa comum [e aqui nem estou entrando no debate sobre os números de suicídio que seguem sendo um tabu de difícil aferição]. Afinal, embora eu tenha dito que a ciência é marcada naturalmente por tentativas que não dão certo, somos obrigados a acertar [o que é coerente e natural para alguém que vai defender uma dissertação ou tese], mas conviver com isso em determinadas condições se torna insustentável. A grande questão aqui é a forma como a cobrança por esses acertos [ou seja, todas as condições objetivas que cercam o exercício da ciência] são feitas. Falta estrutura, falta grana, falta suporte, falta ética e coerência do próprio sistema, mas não pode faltar o resultado senão o único prejudicado é você mesmo, que terá literalmente perdido uma década da sua vida como "cidadão produtivo" dentro da compreensão daquilo que deve ser a vida ordinária no estado burguês.

Outra afirmativa que os bolsistas Capes sempre escutam é: "mas é a escolha de cada um, ninguém te obrigou a ser pós-graduando". Tudo bem. Somos imprudentes com nós mesmos e como nossa família ao escolher esse caminho em um país que tem uma estrutura burocrática falha como a do Brasil [estrutura essa que permitiu o golpe de 2016]? Com certeza absoluta. Mas o que seria da pesquisa no Brasil se não fosse nosso delírio? E se todos seguíssemos para a iniciativa privada após nos formarmos com louvor na graduação e deixássemos a pesquisa de lado? O que seria da pesquisa no Brasil sem esses delirantes-bolsistas que sequer podem fazer bicos porque vivem de uma bolsa (mais do que nunca sob ameaça) que os obriga à dedicação exclusiva? A resposta é fácil: ela não existiria e, certamente, seríamos um país ainda mais atrasado, dependendo exclusivamente da importação de tecnologia e ciência [e olha que anda difícil vislumbrar algo pior e mais atrasado que o pós-2016].

Falemos de cifras. A bolsa da Capes de mestrado atualmente é de R$ 1.500 e a de doutorado é de R$ 2.200. O valor aparentemente é um luxo pelas condições de vida da maioria da população brasileira. Porém, com esse valor os pós-graduandos precisam não apenas pagar as contas e o aluguel (já que normalmente são indivíduos que estão deslocados de sua família e cidade para pesquisar), como colocar comida dentro de casa e atender as caríssimas exigências que o Lattes impõe, como participar de congressos e publicações nacionais e internacionais (lembro de minha orientadora de mestrado, a querida Ana Elisa Ribeiro, dizendo no primeiro dia de aula que o Lattes era a coisa mais cara que seríamos obrigados a comprar: "o Lattes é caro, muito caro". Como sempre estava certíssima). O último reajuste das bolsas Capes foi em 2013 (à época cobri o assunto como repórter de um jornalão lá pelas bandas das Gerais e lembro de como o alívio anunciado foi bem-vindo pelos pós-graduandos, ainda que o dinheiro não fosse suficiente para "comprar o Lattes"). Pois bem, se era difícil com pouco, imaginem como será com nada.

Em Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa), Riobaldo lembra que "uma pergunta, em hora, às vezes, clarêia razão de paz". Então questiono: como a ciência do Brasil viverá sem esses 93 mil bolsistas de pós-graduação da Capes? E, para além disso: como viverão esses 93 mil sem a bolsa? Em tempos sombrios, tempos de golpe, Riobaldo está mais do que certo: "viver é negócio muito perigoso".

(*) Bolsista Capes.

(**) Notem que, ao longo de toda a minha argumentação, sequer mencionei as pesquisas das áreas de Educação, das Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, afinal, no pragmatismo do atual Brasil neoliberal essas certamente seriam taxadas como inúteis, acusação tão falaciosa que sempre me reservo o direito de "deixar pra lá".

(***) É certo que também existem as bolsas CNPq e aquelas das fundações estaduais (como a Fapes, no Espírito Santo), mas essas são minoria perto das bolsas concedidas pela Capes.

(****)T. M. Evans et al. Nature Biotech. 36, 282-284; 2018.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Minicurso na XVI Semana da Filosofia na Ufes

Entre os próximos dias 06 e 10 de agosto, acontecerá a XVI Semana da Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo. No dia de abertura (06), ministrarei o minicurso "Jornalismo como antifilosofia: a contribuição dos mass media para a formação de indivíduos fascistas". Já no dia 07, participará do evento Leonardo Boff, que fará uma palestra sobre os espectros do fascismo que nos rondam. Vale muito a pena participar! Para saber como submeter trabalhos, verificar a programação completa com os demais minicursos ou se inscrever, dê uma conferida na página do evento.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Os porquês de não torcer para o Brasil nesta Copa

Eu poderia me perder aqui entre os argumentos sobre a beleza embutida na raça do futebol Argentino; sobre o fato do CR7 ser um gênio acima da média dos demais gênios; ou sobre o ato revolucionário que carrega cada 'azarão' que derruba um gigante. Enfim, poderia explicar os motivos que me farão torcer para Argentina, Portugal e todos os 'pequenos', em ordem inversa de prioridade, nesta Copa. Também poderia me estender falando da lama que marca o futebol brasileiro e a CBF, do finado João Havelange (que sistematizou a corrupção dentro da Fifa) ao seu genro, Ricardo Teixeira, que fez a mesma coisa pelas bandas de cá; do condenado-por-corrupção-e-ladrão-de-medalha José Maria Marin ao afastado-por-corrupção-e-banido-do-futebol Marco Polo Del Nero. E desses todos ao atual gestor, 'continuidade da situação'. Poderia ainda dizer que sete-a-um pouco é bobagem e resumir tudo nesse vídeo daqui, da nosso maior craque (um menino mimado, artificial, chato pra burro e... acusado por corrução na Espanha!) dando seus pitacos em política:



Mas não, vou limitar meus porquês a dois dos meus campos de análise e estudo: Comunicação Social e Política. Já pararam para ver as publicidades da Copa? E os telejornais? Destaco a campanha do Itaú (patrocinador oficial da CBF) e o tom que predomina nos conteúdos produzidos pela Globo. Isolados como objetos, ambos não dizem nada, mas contextualizados dizem tudo. O que aparece sobremaneira é um nacionalismo cego e exacerbado, que traz na essência a ideia de "somos todos um". Basta olhar para a letra da música da campanha do Itaú. Não é preciso qualquer estudo semiótico mais profundo para identificar a predominância dos valores /nação/ /unidade/  /nacionalismo/ /superação/ /meritocracia/ (grifos meus):

Somos do tamanho do sonho que queremos ver
Um drible, que ninguém pode prever
Uma emoção que nos resume, uma paixão que nos une 
Um Brasil que podemos ser
Um povo que quer acreditar de novo,
Que pode vencer, que fez por merecer
É mais do que torcer, é sobre mudar o jogo
E antes de botar a mão na taça, pôr a mão na massa, Brasil

E provar que dessa vez vai ser diferente
Pois quando a gente decide jogar o mesmo jogo
Ninguém consegue parar a gente

Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil

Eu vejo um Brasil só
Que luta com garra para ser cada dia, um pouco melhor

Eu vejo um Brasil só
Que faz valer o suor e sabe que unida a nossa torcida é muito maior

Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil

Mostra tua força, Brasil
E faz da nação sua bandeira
Que a paixão da massa inteira, vai junto com você Brasil.

Como sempre insisto, todo dito carrega não ditos de barbárie. E o que a letra não diz é o que exatamente devemos superar/esquecer. O golpe? Devemos esquecer que vivemos um estado de exceção? Devemos esquecer os cortes na saúde e na educação? A acentuação das desigualdades sociais e de classe? Que o maior líder popular deste país foi feito preso político? Em nome da "nação" (mesmo valor que levou a classe média às ruas em 2015 e 2016) devemos esquecer tudo e acreditar que o Brasil ficará melhor se vencermos a Copa? Que essa unidade vai nos tornar um povo melhor, capaz de vencer - pelas vias do trabalho e da meritocracia - qualquer adversidade?

Mas que balela!

E é na onda dessa lorota que damos tchau para a heterogeneidade. Esquecemos do golpe, esquecemos da miséria que avança, do "legado" que a Copa deixou no Brasil e aceitamos tudo quanto é "verdade" genérica: se o Galvão disse para odiar a Argentina, odiaremos... se a Globo disse para esquecer a violência que sofremos cotidianamente, esqueceremos... e se o Brasil ganhar a Copa, bom... aplaudiremos enquanto algum atleta rola a rampa do Palácio do Planalto para alegrar o espectro temeroso que assombra o referido imóvel. Vestiremos amarelo (outra vez!) e abriremos mão de tudo aquilo que nos diferencia em nome da festa do futebol ("pela nação e pela família brasileira": discurso igualzinho aos dos 'nobres' parlamentares golpistas).

Você pode me achar chato, tem todo o direito. Mas te faço um convite: tente se assumir na sua contradição. Porque não dá para suspender tudo por trinta dias em nome dos mesmos valores que fomentaram o golpe (só porque é futebol) e pronto. Afinal, futebol e política se discutem sim.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Lançamento do livro "Interfaces do Midiativismo"

Foi lançado nesta semana, por ocasião dos cinco anos das Jornadas de Junho, o e-book "Interfaces do Midiativismo", organizado pelo Antonio Augusto Braighi, pelo Cláudio Lessa e pelo Marco Túlio Câmara (Cefet-MG). A coletânea, que conta com prefácio do Muniz Sodré, traz em seus 51 artigos reflexões de alguns dos principais pesquisadores da Comunicação Social no país sobre novas práticas, objetos e metodologias de análise que sinalizam mutações na discursividade política surgidas a partir dos avanços tecnológicos ocorridos no âmbito das redes sociais online.

Tem tanta gente que admiro participando, que não vou citar nomes para não ser injusto. Humildemente contribuo com o artigo 14: "Do ensino à práxis: midiativismo como prática contra-hegemônica do jornalismo na sociedade excitada".

O lançamento oficial ocorreu ontem, na PUC Minas, no Encontro Anual da COMPÓS (veja aqui a lista completa de livros lançados no evento) e no Encontro Regional Sudeste da ALCAR.

Enfim, façam o download do livro completo, leiam, compartilhem! É de graça, olha que belezura! Meu capítulo na obra segue abaixo:

segunda-feira, 4 de junho de 2018

XVIII Encontro Nacional da Anpof


Em outubro acontece em Vitória (ES) o XVIII Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof). Participarei do GT da Teoria Crítica com o trabalho "Jornalismo como antifilosofia e a propagação do discurso fascista na Sociedade Excitada: uma análise crítica de charges em A Gazeta".

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Para não dizer que falei o contrário (versão 2018): ou sobre os golpes engatilhados

                           Fila de "paneleiros arrependidos" para abastecer em Vitória num domingo (27/05) à noite
O interessante da investigação contínua dos mass media a partir de um tensionamento pautado na dialética negativa é que essa postura nos permite prever/desvelar processos mais amplos a partir do comportamento dos veículos hegemônicos do jornalismo (que é muito, muitíssimo previsível). É o caso da presente greve dos caminhoneiros (será deles mesmo?), responsável por provocar um estado turvo de excitação na maioria, que não fala em outra coisa (sobretudo por outro ponto de vista) hoje. Por isso, sem qualquer pretensão de estipular definições fechadas, fazendo antes um exercício de estabelecer hipóteses de botequim, questiono:

i) Quando, na história deste país, vocês viram Globo (& cia) apoiando nas entrelinhas um movimento de trabalhadores? (Comparem o tom da cobertura de qualquer manifestação de professores versus o tom adotado desde ontem).

ii) Quando, na história deste país, vocês viram uma cobertura majoritariamente positiva de qualquer movimento popular? (Comparem a seleção de fontes - populares ou oficiais - para falar de manifestações estudantis versus a seleção de fontes para a atual greve).

iii) Por que o primeiro produto de interesse a esgotar, ser reajustado e pautar a mídia foi justamente o combustível?

iv) Por que a mídia tolera pacientemente a ausência de respostas das forças de repressão, tão "solícitas e sensíveis" ao seu apelo pelo "ir e vir" em outras situações?

E aí adiciono questões puramente objetivas (para além do jornalismo) para pensarmos mais.

v) Qual a capacidade de operação de um posto de combustível sem reabastecimento do fornecedor? O estoque não acabou rápido demais em muitos lugares?

vi) Vocês lembram que, em muitas cidades, transportadoras e associações de proprietários de postos de combustível financiaram juntos os paneleiros no golpe de 2016?

vii) Vocês já viram patrão distribuindo lanche para funcionário grevista, como A Gazeta mostrou hoje na hora do almoço? Sindicato patronal comprando a luta de sindicatos de trabalhadores? Papai Noel e Coelhinho da Páscoa?

viii) Não é estranho não ouvir nenhum "fora Temer", mas ver aos montes faixas pedindo "intervenção" quando a direita não tem nenhum candidato decente para as próximas eleições presidenciais?

Sei que tudo isso pode parecer teoria do caos ou brizolismo puro ("se a Globo for a favor, sou contra..."), mas ao fim é só uma leitura/hipótese possível: trata-se de um jogo de cena, com um desabastecimento que foi programado objetivando testar/preparar os níveis de tolerância da população para novos (e obscuros) golpes. O problema não é o Diesel como não era o preço da passagem. Posso estar errado (e que feliz seria!), mas o apoio cego das forças de esquerda a esse movimento me parece um equívoco tão inocente quanto foi manifestar solidariedade à paralisação dos PMs no ES.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Alberto Dines: uma perda irreparável


Não é equívoco algum dizer que o Brasil vive uma crise sem precedentes no Jornalismo, cada vez mais convertido à jornalismo-de-jota-minúsculo. E aqui não me refiro à crise de credibilidade ou econômica (e essa, em sua proporção desmedidamente folclórica, me importa pouquíssimo!), mas à escassez do bom Jornalismo-de-jota-maiúsculo. A despeito de hercúleas tentativas contra-hegemônicas (cito como exemplo a Agência Pública e não menciono nenhuma ação “pós-massiva” para não ser injusto), esse anda em falta faz muito! Num contexto de morais bárbaras estabelecidas como valores-pátrios, somos espectadores de um tensionamento (anti)ético sem precedentes dos nossos (!?) maiores conglomerados de comunicação, que embasados numa licença pública com vigor ad aeternum, trocam afetos de colo de mãe com o judiciário escancarando um objetivo sempre presente, mas até então tácito: vale f*** com essa p*** toda de BraZil pela grana. É como se dissessem: “Danem-se as aparências e envoltórios, pois o compromisso social já naufragou faz é tempo e vocês aplaudiram com panelas”. Pois é. Tempos hodiernos de desesperança e desespero. Tempos em que a lucidez é tão ausente quanto o Jornalismo-de-jota-maiúsculo. E nesses tempos, perder uma figura histórica de luta como Alberto Dines é triste pra c***. Irreparável. Descanse em paz, mestre. Seguimos lutando por aqui, buscando benjaminianamente transformar a melancolia em ação.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A repetição da história em "Fazenda Modelo", de Chico Buarque (V Semana de Letras do Ifes)


Resumo da Comunicação:

A repetição da história em "Fazenda Modelo", de Chico Buarque: uma alegoria válida para o Brasil pós-golpe/16

"Hegel comenta que todos os grandes fatos e todos os grandes personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa" (MARX, 2011, p. 25). Replicada à exaustão por críticos e pelos marxistas mais ortodoxos, a célebre citação de Karl Marx ainda segue como potente pressuposto para a análise de nosso tempo, sobretudo quando consideramos o contexto de exceção e as inúmeras repetições e retrações históricas que marcam o Brasil após o golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016. No referido contexto, toma-se o livro "Fazenda Modelo" (1974), de Chico Buarque, escrito como alegoria à Ditadura Militar, como crítica possível ao Brasil pós-golpe/16. Nesse sentido, utiliza-se a Teoria Crítica da Sociedade para uma investigação hermenêutica da obra, desvelando diferentes continuidades entre os dois períodos que podem ser compreendidas a partir da "novela pecuária".

Para acessar a página completa do evento, clique aqui.

terça-feira, 3 de abril de 2018

O jejum de Dellagnol como caricatura do populismo midiático penal brasileiro


Há tempos que o jogo jurídico no Brasil não é mais protagonizado dentro dos tribunais, mas no coração das infinitas caixas-pretas (smartphones, tablets...) que carregamos por aí, retroalimentando-nos quase que ininterruptamente de pílulas textuais e audiovisuais - cada vez mais rasas e fugazes - que se multiplicam nos mass media. Do espetáculo produzido durante o julgamento do atleta famoso às oitivas de um ladrão de galinhas, em maior ou menor escala, os limites entre a produção das provas (e da verdade) dentro do processo judicial e dentro da apuração jornalística têm se confundido e 'contaminado'. A rigor, a produção de verdades acolhida pela grande imprensa tem significado ab initio a culpa dos réus, restando pouco a ser construído no rigor da lei. Não se trata, portanto, de nenhuma grande novidade da Operação Lava Jato.

Contudo, esse processo toma um novo contorno – mais cênico, talvez – na Lava Jato. Como numa caricatura, onde as imperfeições, os defeitos e os excessos são destacados para externar um valor crítico, a operação (e seus integrantes) tem contribuído para explicitar uma prática que defini tempos atrás como poupulismo midiático penal. O último dos exemplos dentro desse jogo foi registrado no último domingo de Páscoa, quando o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dellagnol, afirmou que faria jejum pela prisão do ex-presidente Lula. Aqui não me cabe avaliar juridicamente a posição do promotor (não tenho competência para tal análise, já realizada com propriedade por diferentes juristas), mas apenas levantar uma questão: a ausência de limites entre o judiciário e o “quarto poder” não ajudam a atestar a falência da esfera pública habermasiana (que no final das contas é uma esfera pública burguesa)?

Sigamos.

Força, Lula.

terça-feira, 27 de março de 2018

Entrevista em vídeo com o saudoso Pena Branca (realizada em abril de 2009)


Acabei de encontrar o backup de uma pérola que achei que tinha perdido com o fim do péssimo Dzaí (site onde durante muito tempo hospedei o Voz da Viola). Trata-se da entrevista em vídeo que fiz com o saudoso e querido Pena Branca (se é que posso chamar de entrevista, já que passei a maior parte do tempo calado e/ou enfeitiçado com um ídolo tocando do meu lado, num cubículo que chamávamos de estúdio, mas mal cabiam três pessoas e um cinegrafista).

Lá se vai coisa de uma década da gravação desse vídeo e quase outra de saudade de uma das violas mais bonitas que esse mundão já escutou, então acho que vale compartilhar (ps. ignorem os trejeitos de um repórter à época ainda totalmente incomodado com as câmeras, sobretudo ao vivo). E sim, O Cio da Terra é uma das músicas mais bonitas (ou a mais bonita) da história da Música Popular Brasileira. É MPB. E é caipira.

Parte 01:

Parte 02:

Parte 03:

sábado, 17 de março de 2018

Artigo na Revista Sala 206 (ISSN: 2318-7980)

Convergência infinita entre interagentes e conteúdo: um modelo de análise para a narrativa transmidiática seriada.

Resumo

Com a sofisticação das formas narrativas e o surgimento das ferramentas pós-massivas nas redes sociais online, identifica-se a partir da primeira década do século XXI um crescimento significativo no interesse do público por seriados, sendo o advento da Web 2.0 responsável por modificar e/ou potencializar a maneira pela qual os indivíduos consomem, participam e criticam estes conteúdos audiovisuais quando presentes na rede. Tomando tal assertiva, este trabalho teve como objetivo principal propor um modelo de análise capaz de verificar a relação entre espectadores-interagentes e conteúdo nos diferentes pontos das narrativas transmidiáticas seriadas. Partindo de uma revisão bibliográfica dos principais conceitos sobre o tema, realizou-se um estudo inicial na série The Walking Dead a fim de verificar a eficiência do método proposto.

Nota: O modelo de análise proposto nesse artigo, publicado na Revista Sala 206, é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que orientei da Débora Cozer Aliprandi (atualmente mestranda em Comunicação e Territorialidades na Ufes), que topou o desafio de adaptar meu modelo para analisar narrativas convergentes no Jornalismo para produtos da Publicidade e do Cinema.



terça-feira, 6 de março de 2018

Artigo na Revista de Estudos em Jornalismo (Portugal, ISSN: 2182-7044)

Jornalismo como antifilosofia e a propagação do discurso fascista na Sociedade Excitada: uma análise crítica de charges em A Gazeta

Emerson CAMPOS Gonçalves; Robson LOUREIRO.

Confira a revista completa (nosso artigo começa na p. 113):

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Artigo na Acta Semiótica et Lingvistica (ISSN: 2446-7006)

Discursos sobre gênero na publicidade pós-massiva: um estudo do videocase "Badass" à luz da semiótica sincrética (Discourse about gender in post-massive advertising: a study of the "Badass" videochase through syncretic semiotics)

Emerson CAMPOS Gonçalves; Robson LOUREIRO.

Leia o artigo na íntegra clicando na imagem abaixo. Para ler a revista completa clique aqui.