terça-feira, 22 de maio de 2018

Alberto Dines: uma perda irreparável


Não é equívoco algum dizer que o Brasil vive uma crise sem precedentes no Jornalismo, cada vez mais convertido à jornalismo-de-jota-minúsculo. E aqui não me refiro à crise de credibilidade ou econômica (e essa, em sua proporção desmedidamente folclórica, me importa pouquíssimo!), mas à escassez do bom Jornalismo-de-jota-maiúsculo. A despeito de hercúleas tentativas contra-hegemônicas (cito como exemplo a Agência Pública e não menciono nenhuma ação “pós-massiva” para não ser injusto), esse anda em falta faz muito! Num contexto de morais bárbaras estabelecidas como valores-pátrios, somos espectadores de um tensionamento (anti)ético sem precedentes dos nossos (!?) maiores conglomerados de comunicação, que embasados numa licença pública com vigor ad aeternum, trocam afetos de colo de mãe com o judiciário escancarando um objetivo sempre presente, mas até então tácito: vale f*** com essa p*** toda de BraZil pela grana. É como se dissessem: “Danem-se as aparências e envoltórios, pois o compromisso social já naufragou faz é tempo e vocês aplaudiram com panelas”. Pois é. Tempos hodiernos de desesperança e desespero. Tempos em que a lucidez é tão ausente quanto o Jornalismo-de-jota-maiúsculo. E nesses tempos, perder uma figura histórica de luta como Alberto Dines é triste pra c***. Irreparável. Descanse em paz, mestre. Seguimos lutando por aqui, buscando benjaminianamente transformar a melancolia em ação.

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