Eu poderia me perder aqui entre os argumentos sobre a beleza embutida na raça do futebol Argentino; sobre o fato do CR7 ser um gênio acima da média dos demais gênios; ou sobre o ato revolucionário que carrega cada 'azarão' que derruba um gigante. Enfim, poderia explicar os motivos que me farão torcer para Argentina, Portugal e todos os 'pequenos', em ordem inversa de prioridade, nesta Copa. Também poderia me estender falando da lama que marca o futebol brasileiro e a CBF, do finado João Havelange (que sistematizou a corrupção dentro da Fifa) ao seu genro, Ricardo Teixeira, que fez a mesma coisa pelas bandas de cá; do condenado-por-corrupção-e-ladrão-de-medalha José Maria Marin ao afastado-por-corrupção-e-banido-do-futebol Marco Polo Del Nero. E desses todos ao atual gestor, 'continuidade da situação'. Poderia ainda dizer que sete-a-um pouco é bobagem e resumir tudo nesse vídeo daqui, da nosso maior craque (um menino mimado, artificial, chato pra burro e... acusado por corrução na Espanha!) dando seus pitacos em política:
Mas não, vou limitar meus porquês a dois dos meus campos de análise e estudo: Comunicação Social e Política. Já pararam para ver as publicidades da Copa? E os telejornais? Destaco a campanha do Itaú (patrocinador oficial da CBF) e o tom que predomina nos conteúdos produzidos pela Globo. Isolados como objetos, ambos não dizem nada, mas contextualizados dizem tudo. O que aparece sobremaneira é um nacionalismo cego e exacerbado, que traz na essência a ideia de "somos todos um". Basta olhar para a letra da música da campanha do Itaú. Não é preciso qualquer estudo semiótico mais profundo para identificar a predominância dos valores /nação/ /unidade/ /nacionalismo/ /superação/ /meritocracia/ (grifos meus):
Somos do tamanho do sonho que queremos ver
Um drible, que ninguém pode prever
Uma emoção que nos resume, uma paixão que nos une
Um Brasil que podemos ser
Um povo que quer acreditar de novo,
Que pode vencer, que fez por merecer
É mais do que torcer, é sobre mudar o jogo
E antes de botar a mão na taça, pôr a mão na massa, Brasil
E provar que dessa vez vai ser diferente
Pois quando a gente decide jogar o mesmo jogo
Ninguém consegue parar a gente
Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil
Eu vejo um Brasil só
Que luta com garra para ser cada dia, um pouco melhor
Eu vejo um Brasil só
Que faz valer o suor e sabe que unida a nossa torcida é muito maior
Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil
Mostra tua força, Brasil
E faz da nação sua bandeira
Que a paixão da massa inteira, vai junto com você Brasil.
Como sempre insisto, todo dito carrega não ditos de barbárie. E o que a letra não diz é o que exatamente devemos superar/esquecer. O golpe? Devemos esquecer que vivemos um estado de exceção? Devemos esquecer os cortes na saúde e na educação? A acentuação das desigualdades sociais e de classe? Que o maior líder popular deste país foi feito preso político? Em nome da "nação" (mesmo valor que levou a classe média às ruas em 2015 e 2016) devemos esquecer tudo e acreditar que o Brasil ficará melhor se vencermos a Copa? Que essa unidade vai nos tornar um povo melhor, capaz de vencer - pelas vias do trabalho e da meritocracia - qualquer adversidade?
Mas que balela!
E é na onda dessa lorota que damos tchau para a heterogeneidade. Esquecemos do golpe, esquecemos da miséria que avança, do "legado" que a Copa deixou no Brasil e aceitamos tudo quanto é "verdade" genérica: se o Galvão disse para odiar a Argentina, odiaremos... se a Globo disse para esquecer a violência que sofremos cotidianamente, esqueceremos... e se o Brasil ganhar a Copa, bom... aplaudiremos enquanto algum atleta rola a rampa do Palácio do Planalto para alegrar o espectro temeroso que assombra o referido imóvel. Vestiremos amarelo (outra vez!) e abriremos mão de tudo aquilo que nos diferencia em nome da festa do futebol ("pela nação e pela família brasileira": discurso igualzinho aos dos 'nobres' parlamentares golpistas).
Você pode me achar chato, tem todo o direito. Mas te faço um convite: tente se assumir na sua contradição. Porque não dá para suspender tudo por trinta dias em nome dos mesmos valores que fomentaram o golpe (só porque é futebol) e pronto. Afinal, futebol e política se discutem sim.
Mas não, vou limitar meus porquês a dois dos meus campos de análise e estudo: Comunicação Social e Política. Já pararam para ver as publicidades da Copa? E os telejornais? Destaco a campanha do Itaú (patrocinador oficial da CBF) e o tom que predomina nos conteúdos produzidos pela Globo. Isolados como objetos, ambos não dizem nada, mas contextualizados dizem tudo. O que aparece sobremaneira é um nacionalismo cego e exacerbado, que traz na essência a ideia de "somos todos um". Basta olhar para a letra da música da campanha do Itaú. Não é preciso qualquer estudo semiótico mais profundo para identificar a predominância dos valores /nação/ /unidade/ /nacionalismo/ /superação/ /meritocracia/ (grifos meus):
Somos do tamanho do sonho que queremos ver
Um drible, que ninguém pode prever
Uma emoção que nos resume, uma paixão que nos une
Um Brasil que podemos ser
Um povo que quer acreditar de novo,
Que pode vencer, que fez por merecer
É mais do que torcer, é sobre mudar o jogo
E antes de botar a mão na taça, pôr a mão na massa, Brasil
E provar que dessa vez vai ser diferente
Pois quando a gente decide jogar o mesmo jogo
Ninguém consegue parar a gente
Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil
Eu vejo um Brasil só
Que luta com garra para ser cada dia, um pouco melhor
Eu vejo um Brasil só
Que faz valer o suor e sabe que unida a nossa torcida é muito maior
Mostra tua força, Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira, vai junto com você Brasil
Mostra tua força, Brasil
E faz da nação sua bandeira
Que a paixão da massa inteira, vai junto com você Brasil.
Como sempre insisto, todo dito carrega não ditos de barbárie. E o que a letra não diz é o que exatamente devemos superar/esquecer. O golpe? Devemos esquecer que vivemos um estado de exceção? Devemos esquecer os cortes na saúde e na educação? A acentuação das desigualdades sociais e de classe? Que o maior líder popular deste país foi feito preso político? Em nome da "nação" (mesmo valor que levou a classe média às ruas em 2015 e 2016) devemos esquecer tudo e acreditar que o Brasil ficará melhor se vencermos a Copa? Que essa unidade vai nos tornar um povo melhor, capaz de vencer - pelas vias do trabalho e da meritocracia - qualquer adversidade?
Mas que balela!
E é na onda dessa lorota que damos tchau para a heterogeneidade. Esquecemos do golpe, esquecemos da miséria que avança, do "legado" que a Copa deixou no Brasil e aceitamos tudo quanto é "verdade" genérica: se o Galvão disse para odiar a Argentina, odiaremos... se a Globo disse para esquecer a violência que sofremos cotidianamente, esqueceremos... e se o Brasil ganhar a Copa, bom... aplaudiremos enquanto algum atleta rola a rampa do Palácio do Planalto para alegrar o espectro temeroso que assombra o referido imóvel. Vestiremos amarelo (outra vez!) e abriremos mão de tudo aquilo que nos diferencia em nome da festa do futebol ("pela nação e pela família brasileira": discurso igualzinho aos dos 'nobres' parlamentares golpistas).
Você pode me achar chato, tem todo o direito. Mas te faço um convite: tente se assumir na sua contradição. Porque não dá para suspender tudo por trinta dias em nome dos mesmos valores que fomentaram o golpe (só porque é futebol) e pronto. Afinal, futebol e política se discutem sim.
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